Produção de sabonetes naturais artesanais: diferenças entre os métodos “a quente” e “a frio”

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Mulher fazendo sabão em Gana

Sabonetes naturais e artesanais, apesar de antigos, estão começando a se popularizar novamente recentemente. É uma delícia fazê-los e as possibilidades com relação aos ingredientes são infinitas: mel, frutas, cascas, sementes, manteigas, óleos, flores… da para colocar quase tudo em um sabonete natural, mas para aproveitar melhor os ativos, deve-se escolher o método correto de produção. Garalmente utilizo dois métodos para produção dos meus sabonetes: o método à frio (cold process)  o método à quente (hot process).
 
Resumidamente, uma reação de saponificação é a mistura de óleos e/ou manteigas com uma solução alcalina chamada lixívia (mistura de água e uma base forte, que pode ser hidróxido de sódio, hidróxido de potássio, cinzas…). A lixívia, em contato com as gorduras, reage formando o sabão (que é um sal) e a glicerina (agente umectante, subproduto da saponificação). Tanto pelo método à frio quanto pelo método à quente ocorre essa reação. Mas há algumas diferenças com relação à velocidade com que a reação ocorre e o momento em que os aditivos são adicionados também, interferindo no produto final.
 
Vamos às diferenças?
 
O MÉTODO A FRIO
 
O método a frio, como o nome sugere é feito longe de fontes de calor. Aproveita-se o próprio calor da lixívia (solução de água e agente alcalino que aquece por si só quando em contato um com o outro, podendo chegar a 90ºC) para aquecer os óleos durante a mistura. Após misturar os óleos com a soda e houver a formação de uma emulsão, os aditivos  (mel, flores, sementes, óleos essenciais, etc), são adicionados. Neste momento, a saponificação ainda não aconteceu totalmente (apenas se iniciou). 
 
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Após misturar todos os aditivos, o sabão é enformado e deixado em local aquecido para que a saponificação se complete, processo que dura muitas horas. Os aditivos são adicionados antes da saponificação ocorrer, e isso pode implicar perdas de ativos, devido ao calor e o pH alcalino (que tende a diminuir após o final da reação). Mas esse método possui vantagens: o sabonete tem um acabamento mais lisinho e supõe-se que os ativos das gorduras que compõem o sabão são preservadas.
 
 
O MÉTODO A QUENTE
 
Este método, inicialmente, é feito de modo muito parecido com o anterior: mistura-se a lixívia com as gorduras até formar uma emulsão. Essa emulsão então é levada ao fogo em banho-maria até completar  a saponificação. 
 
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Após o final da saponificação, os aditivos são adicionados. E com isso são melhor preservados. O sabão pelo método à quente tem um aspecto mais rústico, porém tem a vantagem de se poder adicionar tinturas de plantas, leites vegetais, óleos  e extratos glicólicos sem interferir nem sofrer interferência da saponificação, pois a mesma já ocorreu.
 
Existe muito mais a se dizer sobre este assunto. Isso é apenas um resumo dos dois métodos de saponificação que venho utilizando em minha saboaria. A seguir fotos de sabões nos diferentes métodos.

Sabonete feito pelo método a frio:

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Sabonete feito pelo método a quente:

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Mona Soarimg_2621es
Farmcêutica, fitoaromaterapeuta e artesã de cosméticos naturais.
Professora de saboaria natural e cosméticos naturais.
Proprietária da marca Ewé Alquimias.

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