Vida de artesã e a diferença sutil entre a cópia e a inspiração

“Buscas a perfeição?
  Não sejas vulgar.
  A autenticidade é muito mais difícil”
  Mário Quintana

“A gente encontra o próprio estilo
  Quando não consegue fazer as coisas de outra maneira”
  Paul Klee
Quem acompanha meu trabalho mais de perto, ou seja, quem está ligado na forma como os cosméticos são produzidos e na diferença entre eles e um produto industrializado, feito em série, sabe que eu amo trabalhar com as mãos.
Trabalhar com as mãos me possibilita uma infinidade de prazeres e o maior deles é poder expressar o meu mundo interno, as minhas idéias e sentimentos em algo concreto, que as pessoas possam tocar, ver, cheirar…

 

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Trabalhar com as mãos é um acalanto para a minha alma

 

No começo da minha trajetória me inspirei em muitos outros artesãos, tanto de cosméticos quanto de outras áreas e claro, venho fazendo as coisas do meu jeito, com meu toque único por dois motivos: primeiro porque não acredito ser possível copiar de fato (você reproduz a partir do seu mundo interno, e quando há um esforço enorme em copiar exatamente, é perceptível na maioria dos casos); segundo porque uma cópia jamais refletirá aquilo que eu disse acima, que é expressar meu mundo interno através do meu trabalho. Só eu vivi as minhas experiências, visitei os lugares que visitei, conheci as pessoas que conheci;  e isso tudo está lá impresso em meu trabalho, com muito orgulho.
Eu lamento toda vez que vejo artesãos copiando outros, não porque a idéia original está sendo roubada por quem copia, mas simplesmente porque essa pessoa que copia “na cara dura” está perdendo a mais linda das oportunidades, que é justamente mostrar quem ela é pro mundo, está se esquecendo de valorizar o fato dela ser única!

Certa vez li de uma artesã de cosméticos que ela não achava ruim ser copiada, pelo contrario! Isso era um estímulo para que ela pudesse mudar sempre.Concordo com isso e ainda digo mais: eu adoro inspirar pessoas e acho que bons artesãos sempre estão inspirando outros, mas a magia está justamente em fazer um mosaico dessas inspirações dando seu toque pessoal. É isso que eu acredito ser o grande motor do trabalho artesanal, e não a mera cópia que não envolve nenhum trabalho criativo.

* imagem retirada daqui:
The Working Hands of Charlestown